quarta-feira, agosto 08, 2012

BOEING - Apresentou oportunidades em Porto Alegre e São José dos Campos

Boeing e fornecedores do Super Hornet, apresentam oportunidades para a indústria brasileira em conferências em Porto Alegre e São José dos Campos. Oportunidades incluem componentes do sistema aviônico, materiais compostos avançados e atividades relacionadSÃO PAULO, 6 de agosto de 2012 – A Boeing e 12 de fornecedores de seu caça
F/A-18E/F Super Hornet destacaram as oportunidades disponíveis para a indústria brasileira em conferências realizadas no dia 31 de julho emPorto Alegre e 1 de agosto, em São José dos Campos. Um programa com ampla participação da indústria local é um dos itens da proposta de venda do F/A-18E/F Super Hornet apresentada pela Boeing para a licitação de caças do governo brasileiro, conhecida como F-X2. “A participação de tantos fornecedores do Super Hornet nas conferências e as oportunidades nelas apresentadas demonstram o comprometimento da Boeing e de seus fornecedores em trabalhar com a indústria brasileira de maneira a aproveitar os pontos fortes das empresas locais e lançar as bases para um crescimento de longo prazo,” disse Susan Colegrove, diretora regional de parcerias estratégicas internacionais da Boeing Defense, Space & Security. A seguir, algumas das oportunidades apresentadas: · A Raytheon identificou oportunidades para a fabricação e suporte local de componentes do sistema de rastreamento e visualização de alvos por infravermelho ATFLIR (Advanced Targeting Forward Looking Infrared pod) e os sistemas aviônicos do radar AESA APG-79, com varredura eletrônica ativa. · A Northrop Grumman planeja trabalhar com empresas aeroespaciais brasileiras em atividades relacionadas a materias compostos avançados, como produção de materiais compostos, ferramentas para a fabricação de compostos, ferramental de montagem e produção de peças com compostos avançados e grandes componentes de montagem. · A GE Aviation descreveu oportunidades relacionadas à inspeção, teste, manutenção e suporte de motores. Os demais fornecedores do Super Hornet presentes nas conferências foram empresas como BAE Systems, Eaton, GKN, Harris, Honeywell, Moog, Parker Aerospace, UTC Aerospace Systemse Woodward. O encontro realizado em São José dos Campos contou com a presença de representantes da Embaixada dos Estados Unidos e de quase 80 empresas do estado de São Paulo. O evento foi organizado pelo Centro para Competitividade e Inovação do Cone Leste Paulista (CECOMPI) e pela Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ) . Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, FIERGS, foi a responsável pela coordenação da conferência em Porto Alegre, que atraiu representantes de mais de 50 empresas do estado do Rio Grande do Sul. Sobre a Boeing A Boeing é a maior companhia aeroespacial do mundo e líder na fabricação de aeronaves comerciais e sistemas de defesa, espaciais e de segurança. Uma das grandes exportadoras dos EUA presta suporte a companhias aéreas e clientes governamentais nos Estados Unidos e 150 países aliados. Os produtos e serviços desenvolvidos sob medida pela Boeing incluem aeronaves comerciais e militares, satélites, armas, sistemas eletrônicos e de defesa, sistemas de lançamento, sistemas avançados de informação e comunicação, logística e treinamento baseados em desempenho. A Boeing emprega mais de 170.000 pessoas nos Estados Unidos e em 70 países. Além disso, a liderança da companhia é reforçada pelas centenas de milhares de pessoas que trabalham para os fornecedores da Boeing em todo o mundo. SEGURANÇA NACIONAL BLOG DEFESA NET Publicada por Paulo Lima Sandoff em segunda-feira, agosto 06, 2012

Taurus apresenta o Fuzil 556 (CT556)

A Forjas Taurus apresentou o Fuzil 556 (CT 556), seu mais novo lançamento, durante feira de tecnologia, serviços e produtos para segurança pública realizada em São Paulo na última semana. O produto, destinado a grupos de pronto emprego tático e policiamento ostensivo, permite à empresa oferecer aos seus clientes uma família completa de armamento de uso policial, incluindo, agora, o calibre de fuzil mais utilizado mundialmente. A similaridade de design e operação com outros produtos da linha, como a carabina calibre .40 (CT 40) e a submetralhadora calibre .40 (SMT 40), facilita o treinamento e adaptação do usuário.Segundo o Diretor Vice-Presidente Sênior da Empresa, Jorge Py Velloso "O equipamento atende com perfeição aos padrões exigidos para o emprego policial em áreas urbanas ou rurais, é um produto robusto, leve e ergonômico, que tem na simplicidade de operação e manutenção seus pontos fortes" explica.Por ser uma arma de comandos ambidestros, o CT 556 permite a fácil adaptação para destros e canhotos. Possui, ainda, coronha com regulagem de comprimento telescópica e rebatível, o que auxilia na adaptação do usuário ao equipamento e ao seu manuseio em ambientes confinados (viaturas, interior de edificações etc.). No desenvolvimento da caixa da culatra do modelo foram utilizadas ligas de alumínio aeroespacial de alta resistência, garantindo assim mais leveza e resistência a todo o conjunto. A arma possui ainda alavanca de manejo reversível, empunhadura na posição frontal ao carregador, que permite maior segurança e melhor ergonomia para o atirador e, finalmente, um botão liberador tático do carregador, permitindo a troca rápida do carregador sem perder a posição de confronto.
Publicada por Paulo Lima Sandoff em segunda-feira, agosto 06, 2012

Fábrica de armas Ijmach anuncia AK-12

O fuzil AK-12, desenvolvido na Ijmach, terá novo mecanismo de disparo, transportador de ferrolho e estrutura modular. Em entrevista publicada no site da revista Expert, o construtor-chefe da fábrica russa, Vladímir Zlóbin, falou sobre as inovações do ultimo modelo.Segundo Zlóbin, o trabalho de desenvolvimento do novo fuzil começou em meados de 2011 e, no final do ano, já estava pronto o primeiro protótipo. Os modelos significativos estão sendo finalizados e, em breve, serão fabricadas novas versões do fuzil para testes preliminares na própria fábrica.A composição do fuzil, de acordo com Zlóbin, continuará clássica. Em outras palavras, será tão simples quanto a Kalachnikov. Além disso, o AK-12 distingue-se bastante de seus antecessores no arranjo e na ergonomia. O fuzil será equipado com um novo freio de boca. Terá 20% mais efetividade do que os antecessores da mesma família, proporcionando mais conforto e estabilidade na hora do tiro e diminuindo o recuo em 20%. O AK-12 ganhou um regime de tiro com seletor de três disparos e suspensão do ferrolho para rapidez do recarregamento. A alavanca de manejo de recarregamento pode ser instalada tanto no lado esquerdo quanto no direito. A coronha ajusta-se sob o ombro. Além disso, é possível tirar o fuzil do dispositivo de segurança e mudar o regime e o carregador com uma única mão. Para a instalação de recursos complementares, o AK-12 ganhou trilhos Picatinny. Por conta da mudança na dinâmica das partes, o AK-12 dispõe de maior poder de fogo. Segundo Zlóbin, o novo fuzil, em termos de efetividade, compara-se ao AK-107, ao qual foi aplicada a tecnologia do automatismo balanceado. Entretanto, no AK-12 decidiram abrir mão dessa tecnologia porque ela torna a arma mais cara e ainda reduz a sua segurança. Assim como os fuzis da geração anterior, o AK-12 terá um dispositivo para acoplamento de baioneta em caso de combate corpo a corpo. No conjunto titular, o fuzil será equipamento com um carregador de 30 cartuchos. Nas versões especializadas, haverá carregadores com 20 cartuchos (para subseções especiais), com caixa de 60 cartuchos e com tambor de 100 cartuchos. O AK-12 para forças de operações especiais pode ainda ganhar um conjunto de ferrolho e um cano extra. Em entrevista ao Expert, Zlóbin anunciou também o novo cartucho do AK-12. Ele disse que os serviços de defesa não estão satisfeitos com os calibres existentes, 5,45, 5,56 e 7,62. Por isso, no novo fuzil, pode ser incluído um calibre “intermediário”. Como informou o construtor-chefe da Ijmach, para criação do AK-12, ele se baseou na experiência e nos conhecimentos de seus mestres, os construtores Stetchkin, Korobov e Afanassiev, com os quais trabalhou na fábrica de armas da cidade de Tula.

Site analisa arquivo com base em 46 antivírus

Por Monica Campi, de INFO Online • Sábado, 04 de agosto de 2012 São Paulo – Lançado recentemente, o site VirusImmune promete analisar gratuitamente um arquivo de qualquer tipo na web utilizando como base 46 programas de antivírus. Entre os software utilizados para a varredura do arquivo estão programas como Norton, Trend Micro, Kaspersky, McAfee, Comodo e Sophos. Ao enviar o arquivo para o site a análise será feita e apresentada na mesma página. Se reconhecer o arquivo como malicioso, o serviço irá exibir a origem do mesmo. Além disso, o serviço também possui a ferramenta “Similaridade. Esta função exibe arquivos similares, caso não detecte nenhum malware no arquivo enviado. A ferramenta irá exibir os arquivos similares presentes na base do site, mostrando o percentual de igualdade entre os arquivos. Caso exiba um percentual muito alto, o site poderá identificar malware desconhecidos.

O BOM EXEMPLO DO EXÉRCITO

“No momento em que notícias sobre superfaturamento e atraso em obras públicas se tornam corriqueiras, é animador saber que algumas dessas obras estão sendo entregues antes do prazo previsto e a custos inferiores aos originalmente orçados. Não se trata de milagre. É apenas o resultado do trabalho competente e sério realizado por uma instituição cuja missão precípua não é tocar canteiros de obras, mas que, nos últimos anos, tem assumido maiores responsabilidades na elaboração e execução de projetos de infraestrutura em todo o País: o Exército. O Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, como mostra o jornal “Valor” (12/7), está tocando 34 obras em vários Estados, 25 delas do “Programa de Aceleração do Crescimento” (PAC), e elabora, a pedido da Infraero, projetos de engenharia destinados a acelerar a expansão dos aeroportos de Porto Alegre, Vitória e Goiânia. Nessa área, o Exército já trabalha na administração dos serviços de terraplenagem da ampliação do aeroporto de Guarulhos e na construção da pista do aeroporto de Amarante, no Rio Grande do Norte. É, principalmente, o desempenho do Exército nas obras do aeroporto de Cumbica que tem animado a Infraero a ampliar a parceria com os militares numa área que se tem transformado numa das maiores dores de cabeça do governo no que diz respeito ao cumprimento dos prazos das obras da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. A terraplenagem do Terminal 3 de Cumbica, cuja previsão inicial de entrega era para dezembro de 2013, será concluída em setembro próximo, com antecipação de 15 meses. Além disso, o custo original da obra, orçado em R$ 417 milhões, deverá ser reduzido - e não é apenas porque a União paga os soldos militares - em cerca de R$ 130 milhões, o que equivale a 25%. É exatamente o contrário do que tem sido noticiado a respeito da verdadeira lambança que a principal empreiteira do PAC, a Delta, tem promovido nas obras bilionárias sob sua responsabilidade em todo o País. É claro que tocar obras públicas não é a missão precípua das Forças Armadas, que existem para zelar pela defesa nacional. E o Exército, cuja "intervenção" no mercado é malvista pelas empreiteiras de obras públicas, sabe muito bem que essa não é sua verdadeira vocação. O general Joaquim Maia Brandão, chefe do Departamento de Engenharia e Construção, garante, segundo o “Valor”, que não há planos de ampliar a estrutura da unidade sob seu comando, apesar do aumento da demanda ocorrido nos últimos anos, inclusive no que diz respeito ao planejamento e construção de novas estradas e manutenção das existentes, responsabilidade do mal afamado Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Nessa área, o Exército tem 19 contratos firmados. E cumpre outros tantos nos setores portuário e de navegação fluvial. O Exército está hoje envolvido em 34 projetos de construção, no valor de R$ 3 bilhões em obras, dos quais R$ 2,4 bilhões são do PAC. Intervenção indevida no mercado? Desvio de funções? O general Brandão responde: "O que temos é uma missão para cumprir, que é a preparação de nossas tropas para a guerra. Se não temos guerra, temos a obrigação de manter nosso contingente em atividades que, se necessário, (a tropa) irá desempenhar em situação de emergência". Não é, portanto, a lógica do mercado, mas a necessidade de manter seu contingente ativo e preparado que motiva o Departamento de Engenharia e Construção. A situação de emergência a que se refere o general seria, obviamente, um eventual conflito militar. Mas não resta dúvida de que o DEC está atendendo, também, a uma importante e extremamente lamentável emergência ao cumprir com competência, seriedade e economia de recursos públicos uma tarefa fundamental para o desenvolvimento do País que a iniciativa privada tem sido frequentemente incapaz de executar com a mesma eficiência e probidade, devido à crescente promiscuidade entre negócios públicos e privados. É de imaginar que seja difícil trabalhar com orçamentos enxutos quando a regra do jogo [há muitas décadas] é pagar propinas que satisfaçam a crescente voracidade de homens públicos tão desonestos quanto quem lhes molha a mão.” FONTE: Editorial do “O Estado de São Paulo”, transcrito no portal da FAB.

O fantasma da bomba

por Richard Rhodes Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL
Teste de uma bomba atômica em 1946, detonada pelos Estados Unidos no atol Bikini, no Pacífico Sessenta anos atrás, em uma noite tempestuosa de 1945, o físico americano Robert Oppenheimer subiu ao palco de uma sala de cinema na cidade secreta de Los Alamos, Novo México. Magro e compenetrado, ele estava prestes a dirigir-se a centenas de cientistas – homens e mulheres que, sob sua direção, haviam construído as primeiras bombas atômicas. Detonadas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em 6 e 9 de agosto de 1945, respectivamente, as bombas haviam acabado de pôr fim à mais destrutiva guerra da história – e mudaram para sempre a feição das guerras. O mundo logo iria se dar conta de algo que eles próprios já sabiam, alertou Oppenheimer: uma vez dominado o processo, a fabricação de armas nucleares era algo surpreendentemente barato e fácil. Não demoraria para que outros países também começassem a produzi-las. E, segundo ele, o poder de destruição das bombas só iria aumentar. A despeito dessas previsões perturbadoras, o físico entrevia benefícios inegáveis, considerando as armas nucleares “não apenas uma ameaça mas também uma grande esperança”. O que Oppenheimer queria dizer com isso? O perigo era óbvio: Hiroshima e Nagasaki estavam em ruínas, e dezenas de milhares de pessoas haviam sido mortas e feridas. A “grande esperança” que tais armas poderiam trazer era algo mais difícil de imaginar, mesmo num momento de vitória. Seis décadas depois, continua sendo assim. Hoje, oito países reconhecem dispor de arsenais nucleares, ao passo que 20 outros possuem tecnologia e matéria-prima para fabricar bombas no prazo de um ano, caso decidam fazê-lo. Mas as nações são apenas uma parte da história. O colapso da União Soviética colocou enorme variedade de armas e materiais nucleares sob o risco de ser roubada e vendida clandestinamente a grupos terroristas ou redes criminosas. Conhecimentos técnicos também estão em demanda. Estima-se que o “pai” da bomba paquistanesa, Abdul Qadeer Khan, tenha transferido técnicas e projetos de fabricação de bombas para Líbia, Coréia do Norte e Irã. Sua equipe pode ter revelado segredos a outros países. Desde os anos 1990, Osama bin Laden e seus seguidores sonham em obter dispositivos nucleares para realizar ataques. Ninguém sabe se os terroristas estão prestes a conseguir uma “bomba suja” de radiação ou até mesmo uma bomba atômica. A esperança entrevista por Oppenheimer surgiu de suas discussões com um brilhante físico dinamarquês, Niels Bohr, que fugiu de seu país quando este foi ocupado pelos nazistas e chegou a Los Alamos no fim de 1943. A disseminação da tecnologia de construção das armas nucleares, Bohr argumentou com Oppenheimer, acabaria por tornar esse tipo de arma uma ameaça para toda a humanidade. Ambos achavam que, quando as nações por fim reconhecessem a magnitude dessa ameaça, o mundo todo iria se unir, como nunca antes havia ocorrido, movido pela necessidade de garantir a própria sobrevivência. Ao realizar tais acordos, as nações acabariam reduzindo o perigo e a chance de um conflito. Nas décadas seguintes, enquanto muitos países se empenhavam em conseguir a bomba, a visão de um mundo aberto e mais seguro deve ter parecido de uma ingenuidade assombrosa. O sonho de Bohr e Oppenheimer, no entanto, começou a tomar forma na década de 1960, quando, após um aterrorizante episódio em que quase estalou um conflito nuclear, durante a crise dos mísseis em Cuba, os Estados Unidos e a União Soviética começaram a afastar-se da beira do abismo. Outros países fizeram o mesmo e, assim, em 1968 foi assinado o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP). Como compensação por desistirem de formar um arsenal nuclear, os países desprovidos de bombas atômicas que firmaram o TNP (hoje são 183, além das cinco principais potências nucleares) receberam a garantia de que as grandes potências promoveriam o desarmamento, não iriam transferir armas atômicas para nações desnuclearizadas e partilhariam a tecnologia ao uso civil da energia nuclear. Mais tarde, tratados proibindo os testes de armas nucleares ampliariam ainda mais tais restrições. A despeito de suas limitações, esses acordos conseguiram de fato afastar a ameaça de um conflito nuclear nas décadas de 1970 e 80. E também confirmaram o fato de que as nações nem sempre passam a fabricar bombas assim que dominam a tecnologia para tanto. A formação de um arsenal nuclear é uma decisão política, impulsionada sobretudo pela preocupação com a segurança nacional, e muitas vezes tais preocupações podem ser mantidas sob controle. Mas aí vieram os acontecimentos de 1991, quando um terremoto geopolítico – a derrocada da União Soviética – abalou a arquitetura dos acordos. O que havia sido uma potência nuclear unificada, a União Soviética, fragmentou-se em vários países com arsenais nucleares. Todas as bombas de pequeno alcance foram devolvidas à Rússia em 1992, mas três nações recém-independentes – Belarus, Ucrânia e Cazaquistão – mantiveram milhares de ogivas para mísseis balísticos intercontinentais (MBICs). Pressionados pelos Estados Unidos e por outros países, Belarus e Cazaquistão logo concordaram em devolver seus arsenais à Rússia. “Nós tínhamos 81 plataformas móveis de mísseis, o suficiente para devastar a Europa e os Estados Unidos”, contou-me Stanislav Shushkevich, o primeiro chefe-de-Estado de Belarus. “Mas de quem precisávamos nos defender? Quanto mais cedo elas fossem retiradas do país, melhor para nós.” Na Ucrânia, as coisas foram diferentes. A fim de desestimular uma eventual agressão russa e obter garantias de segurança e recursos financeiros do Ocidente, os ucranianos aferraram-se às 1 240 ogivas nucleares estratégicas armazenadas em seu território. Sob pressão da comunidade internacional, porém, em 1993 a Ucrânia concordou em devolver as armas à Rússia e assinar o TNP. Hoje, só a Rússia possui armas nucleares. Pela maioria dos critérios, o mundo é agora mais seguro do que durante a Guerra Fria. Após vários acordos para o controle das armas, os Estados Unidos e a Rússia desativaram milhares de bombas de pequeno e de longo alcance. O arsenal nuclear americano conta hoje com 10 mil ogivas nucleares, e o russo, com cerca de 16 mil – durante a Guerra Fria, eram 32 mil e 45 mil, respectivamente. O tratado de Moscou, assinado pelos presidentes George W. Bush e Vladimir Putin em maio de 2002, restringe cada um dos dois países a não mais do que 2,2 mil ogivas estratégicas até o fim de 2012. A França e a Grã-Bretanha também reduziram seus arsenais; a China está modernizando suas armas, mas reforçou o controle sobre as exportações nucleares, após ter fornecido ao Paquistão os projetos e materiais físseis que este país necessitava para construir sua bomba. Os dados sobre o formidável arsenal nuclear de Israel ainda são mantidos sob sigilo. Há pouco, a Líbia encerrou seu programa nuclear sob pressão de países europeus e dos Estados Unidos. Em etapa mais avançada, o programa iraquiano foi desmantelado pelos inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) nos anos subseqüentes à Guerra do Golfo. A Índia e o Paquistão confirmaram sua condição de potências nucleares, realizando testes subterrâneos em maio de 1998, mas nenhum dos países acumulou mais do que 100 bombas, e sua recente escaramuça nuclear parece ter estimulado uma atitude de cautela. Essas são as boas notícias. As notícias preocupantes referem-se, primeiro, a duas nações: a Coréia do Norte, que talvez possua um pequeno arsenal nuclear, e o Irã, do qual se suspeita que esteja empenhado em produzir armas atômicas. Os EUA consideraram ir à guerra contra a Coréia do Norte em 1993, quando os norte-coreanos, que supostamente já possuíam uma ou duas bombas, ameaçaram retirar-se do TNP e pareciam dispostos a extrair mais plutônio com fins militares por meio do reprocessamento de combustível nuclear usado. As negociações levaram a uma conciliação: os norte-coreanos desativaram seu reator e permitiram que as varetas de combustível fossem examinadas pela Aiea, em troca da promessa de dois outros reatores nucleares, de carregamentos americanos de petróleo para a geração de energia e de uma melhoria nas relações com os EUA. Esse acordo vigorou até 2002, quando o governo Bush acusou o regime norte-coreano de se empenhar sigilosamente na produção de urânio enriquecido para fins militares. Com isso, os Estados Unidos interromperam o vital fornecimento de petróleo e denunciaram o acordo de 1994. Como retaliação, a Coréia do Norte expulsou os inspetores da Aiea, removeu as varetas de combustível de seu local de armazenamento e afirmou que daria início a seu reprocessamento, visando a extração de plutônio. Este seria suficiente para a fabricação de quatro a seis bombas atômicas. Desde então, os norte-coreanos alegam contar com um pequeno arsenal nuclear. Mas eles bem sabem que, se lançarem um ataque nuclear contra qualquer país vizinho, ou contra os Estados Unidos, a reação seria devastadora. “Não estamos em condições de chantagear os Estados Unidos, a única superpotência”, afirmou uma autoridade norte-coreana a uma delegação de congressistas americanos que visitou Pyongyang em junho de 2003. “Nosso objetivo ao obter uma força dissuasória está vinculado à guerra no Iraque, e às declarações feitas pelos falcões do governo americano. Se não tivermos uma força nuclear dissuasória, não poderemos nos defender.” O Irã é um caso ainda mais complexo. Durante décadas, o país investiu sigilosamente em um programa para o enriquecimento de urânio por meio de centrífugas, violando sua obrigação, diante da Aiea, de manter este órgão informado de todas as suas atividades nucleares. Ao serem confrontados, os iranianos alegaram que estavam desenvolvendo a capacidade de dominar o ciclo completo do combustível nuclear em função de um planejado programa nuclear para a geração de eletricidade. Como as centrífugas podem produzir urânio enriquecido para fins militares, assim como urânio menos enriquecido para reatores civis, e todo o projeto era mantido sob sigilo, isso despertou a desconfiança da Aiea. Além disso, a fábrica, abrigando 50 mil centrífugas, que o Irã planeja construir teria capacidade para produzir urânio enriquecido suficiente para a confecção de até 25 bombas por ano. É significativo que também o Paquistão optasse pelo enriquecimento do urânio (em vez da geração de plutônio em um reator, um processo mais difícil de ser mantido sob sigilo) como a solução inicial para a obtenção da bomba. Se levar adiante o programa nuclear, mesmo que não produza a bomba, o Irã pode tornar-se uma potência nuclear “virtual”, capaz de fabricar armas no prazo de um ano após tomar essa decisão. E o regime teocrático do país é abertamente hostil a Israel. A perspectiva mais assustadora, contudo, não é a nuclearização de nações e sim a de grupos terroristas – graças ao roubo ou aquisição de material físsil adequado para uso militar nos países da antiga URSS, ou em Estados delinqüentes, como a Coréia do Norte. Durante a Guerra Fria, a União Soviética implantou um sistema rígido de proteger suas fronteiras externas e assegurar a estabilidade interna. Com isso, os materiais nucleares dispersos por toda a imensa rede de bases militares e centros de pesquisa estavam protegidos, ainda que não bem documentados. Quando houve a desintegração da URSS e a abertura das divisas, o governo russo defrontou-se com uma série de novos desafios – que iam desde uma multidão de cientistas nucleares desempregados até a tarefa monumental de cuidar de todo o seu estoque nuclear e impedir que este fosse roubado. Os EUA se ofereceram para ajudar a Rússia. Mas a desconfiança remanescente da Guerra Fria atrasou um acordo entre os dois países, e mesmo depois dos anos 1990 o esforço conjunto não contou com os necessários recursos financeiros. Desde 1991, o programa americano chamado Redução Cooperativa de Ameaças Nunn-Lugar vem apoiando os esforços para o controle e eliminação desses materiais, mas o ex-senador Sam Nunn, co-patrocinador da legislação juntamente com o senador Richard Lugar, avaliou no início de 2005 que até agora apenas “algo entre 25% e 50%” da tarefa de assegurar o controle sobre os materiais nucleares russos havia sido feita. Comprovou-se que pequenas quantidades foram adquiridas e vendidas clandestinamente (mapa nas páginas 42-43), mas, até onde se sabe, nenhum grupo não-estatal obteve a quantia mínima de material – cerca de 4 quilos de plutônio, ou 15 quilos de urânio enriquecido – necessária para a fabricação de uma bomba rudimentar. Dentre os vários cenários em que poderia ocorrer um ato de terrorismo nuclear, o mais plausível envolve o uso de uma “bomba suja”, ou seja, um explosivo convencional associado a material radiativo extraído de fontes médicas ou industriais. Os especialistas descrevem as bombas sujas como “armas de perturbação maciça”, devido ao pânico e à contaminação que provocariam. A descontaminação após um ataque desse tipo a uma grande cidade exigiria meses de trabalho, a um custo de dezenas de bilhões de dólares. As principais vítimas de uma bomba suja seriam as pessoas feridas ou mortas pela explosão inicial. Muito mais devastadora seria uma bomba terrorista fabricada com urânio enriquecido ou com plutônio roubados, e transportada por um veículo comum, como barco ou caminhão. A impossibilidade de detecção prévia de um ataque assim tira o sono de funcionários da defesa civil em todo o mundo, e levou as autoridades americanas a optarem pela guerra preventiva como a melhor defesa contra uma investida terrorista. Um ataque imprevisto sempre foi o pesadelo da era nuclear. A fim de se precaver contra uma investida soviética de surpresa, o Conselho de Segurança americano chegou a considerar um ataque preventivo a Moscou em 1954, pois na época alguns especialistas consideravam o arsenal americano suficientemente superior ao soviético para justificar tal risco. A proposta foi rejeitada pelo presidente Dwight D. Eisenhower. Na década de 1960, as idéias de uma investida preventiva foram substituídas pela crença no poder da dissuasão – a “certeza de destruição mútua” – como a estratégia para evitar um ataque soviético. Também visando proteger o país, o presidente Ronald Reagan propôs um sistema de defesa que ficaria conhecido como “Guerra nas Estrelas” – enfim instalado, numa versão restrita, no Alasca, em 2004. No entanto, ainda não existe nenhum sistema similar que possa interceptar armas clandestinas transportadas por aviões, navios ou caminhões. Após 60 anos de busca por um sistema ideal, nada foi encontrado capaz de impedir um ataque com armas que, mesmo em suas formas mais rudimentares, podem ser pequenas e portáteis – e imensamente destrutivas. Para Sam Nunn, é preciso que as nações nuclearizadas “reduzam de maneira visível sua dependência” em relação a tais armas, de modo a torná-las “menos relevantes” e, portanto, menos atraentes. Hoje, os países signatários do Tratado de Não-Proliferação Nuclear estão discutindo outro acordo, pelo qual seria proibida a produção de plutônio ou urânio para fins militares, ao mesmo tempo que os estoques existentes seriam diluídos ou reciclados como combustível em reatores nucleares. Um programa semelhante vigora entre os EUA e a Rússia por intermédio de uma empresa americana, a Usec, que até agora já adquiriu dos russos 250 toneladas de material físsil militar diluído – quantidade suficiente para a fabricação de 10 mil ogivas atômicas – a fim de revendê-lo para empresas americanas que possuem reatores para a geração de energia elétrica. Iniciativas desse tipo são avanços na direção certa, mas elas não afastam as maiores ameaças que hoje enfrentamos, “o terrorismo catastrófico, o aumento da quantidade de países com arsenal nuclear e o crescente perigo de um lançamento nuclear acidental ou não autorizado”, disse Nunn. “Não tenho certeza de que entendemos bem o impacto de um ataque nuclear”, continuou Nunn. “Se uma bomba de 10 quilotons for detonada no centro de Manhattan em um dia normal de trabalho, ela poderia matar mais de meio milhão de pessoas. Dez quilotons, uma potência plausível para uma rústica bomba terrorista, é o equivalente a 10 mil toneladas de TNT. Para transportar essa carga de explosivos, seria preciso um trem de 100 vagões. Se fosse uma bomba atômica, bastaria a carroceria de um caminhão.” Niels Bohr e Robert Oppenheimer teriam plena consciência do dilema atual: o que fazer com a espada de dois gumes que eles nos deixaram, forjada em metais exóticos por uma reação nuclear que os cientistas descobriram em um dia de 1938 enquanto se empenhavam em entender o funcionamento do mundo. Na minha opinião, o conselho dos dois físicos ainda é válido: apenas um esforço conjunto internacional irá garantir a segurança dos materiais usados na fabricação de armas nucleares. Somente as negociações para a redução dos arsenais e a restrição do desenvolvimento de armas podem diminuir, a longo prazo, os riscos que todos estamos correndo. Era nisso que Bohr e Oppenheimer acreditavam, e foi isso o que Oppenheimer disse aos cientistas de Los Alamos em uma noite chuvosa, há 60 anos.