terça-feira, setembro 18, 2012

POR QUE A COMPRA DE VOTOS NA REELEIÇÃO DE FHC/PSDB NUNCA CHEGOU AO STF?

terça-feira, 18 de setembro de 2012
[Ministro de FHC Sergio Motta, apontado como o coordenador da compra de votos para manter FHC/PSDB/DEM no poder] [OBS deste ‘democracia&política’: é muito bom para o país que crimes sejam identificados, investigados, processados, julgados e os criminosos punidos com rigor. Contudo, o que vem ocorrendo no Brasil é trágico, apesar de também cômico. Temos assistido grande show teatral de hipocrisia e cinismo. No centro da cena, autoridades como o Procurador-Geral da República e juízes do STF. Parecem inebriados com as luzes das câmeras. A imprensa a eles dedica profusos elogios, há meses, em muitas horas da programação diária das TV e muitas páginas de jornais e revistas. O hilariante é a falsa surpresa e a revolta unilateral de magistrados, da imprensa e da autojulgada “elite” com o velho crime do “caixa 2” e de sua repartição para cobrir custos eleitorais. Para mim, em resumo, em analogia simplista, o que ocorre pode ser comparado ao seguinte cenário: os crimes do Comando Vermelho são julgados, como devem ser, com todo o rigor. Porém, os crimes do PCC são ignorados, escondidos, engavetados, não julgados, não punidos, e seus perpetradores até transformados e alçados a paladinos da ética e da moralidade. Tragicomédia. Vejamos o seguinte artigo de Laurez Cerqueira]: “A campanha à reeleição de Fernando Henrique Cardoso é considerada por especialistas a mais cara da istória do país e nasceu contaminada. Segundo denúncia publicada na época pela “Folha de São Paulo”, a aprovação da emenda que possibilitou a reeleição contou com a compra do voto de vários parlamentares na Câmara dos Deputados, por R$ 200 mil cada um. [Isso foi confessado e vendedores de voto foram cassados. Os compradores foram ignorados. Não houve interesse da mídia e da Justiça em identificá-los e puní-los] . Por Laurez Cerqueira Quem não sabe como são feitas as salsichas, as leis e as eleições? A novidade é que parte do Ministério Público e parte do Supremo Tribunal Federal resolveram julgar o “caixa dois”, feito para as eleições municipais de 2004, curvando-se à versão sobre o “mensalão” criada por Roberto Jefferson, pela oposição e por parte da imprensa que sempre tratou o PT como um intruso na política brasileira. Um precedente perigoso que coloca o STF acima dos demais poderes da República. O alvo é o PT. Destruir o PT. Afinal, a elite não acreditava que os de baixo fossem capazes de se organizar num partido político de massa para fazer a luta social e eleitoral no país das desigualdades. Naquela eleição, em 2004, apesar de tudo, a esquerda cresceu eleitoralmente e em seguida reelegeu Lula. Agora, como num delírio narcísico diante do espelho (câmeras de TV, internet) ministros do STF, enrolados nas suas capas pretas, parecem fazer o jogo de setores da imprensa, que querem fazer valer a todo custo a sua versão do “Mensalão” e patrocinam um triste espetáculo. A hipocrisia, o cinismo aparecem reluzentes nas faces de alguns inquisidores como se o financiamento de campanhas eleitorais por meio de “caixa dois” fosse uma invenção do PT. As câmeras têm revelado, com riqueza de detalhes, aspectos sombrios do caráter de personagens centrais do julgamento no STF.
As investigações foram cirúrgicas e não foram além da superfície do sereno mar que encobre o financiamento das campanhas eleitorais de todos os partidos políticos. Não há nenhum questionamento sobre os demais partidos, como se os de oposição (PSDB, DEM, PPS) tivessem financiado as eleições de 2004 na mais perfeita ordem. Especialistas da Universidade de São Paulo (USP) calcularam que, nas eleições municipais de 2004, cerca de 400 mil políticos empregaram algo em torno de 12 milhões a 16 milhões de trabalhadores, para disputar 55 mil vagas de vereador e 5.600 cargos de prefeito no país. A infraestrutura das campanhas eleitorais municipais de 2004 - propaganda dos candidatos veiculada pelos mais variados meios de comunicação - comícios, shows, alugueis, equipamentos de comitês eleitorais, assessores, enfim, custou cerca de 5 bilhões de reais. O total gasto atingiu a cifra de 41 reais por eleitor. Especialistas estimam que, por baixo, mais da metade do dinheiro envolvido em campanhas não aparece nas prestações de contas. Cerca de 70% a 80% das despesas dos candidatos não foram registradas como manda a lei. O que daria, em média geral, 1 real para o caixa oficial e 3 reais para o “caixa dois”. Quem adota o “caixa dois” costuma dizer que as contribuições sem registro são feitas a pedido dos contribuintes que não querem se expor, como se o problema fosse a Lei Eleitoral. O professor David Samuels, da Universidade de Minnesota, pesquisador do processo eleitoral no Brasil, analisou o perfil de doadores oficiais a partir dos registros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e chegou à conclusão que as candidaturas à presidência da República são financiadas com maior volume de recursos do setor financeiro e da indústria pesada, como a de aço e a petroquímica. Isso porque a Presidência da República é quem responde pela macroeconomia (juros, tarifas, câmbio e política de exportação). Além disso, lida com marco regulatório e concessão de subsídios. Os setores financiadores das campanhas à presidência da República costumam ser os mesmos das candidaturas ao Senado Federal e à Câmara dos Deputados, porque os assuntos tratados no Senado e na Câmara são também do âmbito da União Já as candidaturas a governador recebem mais recursos de empreiteiras, isso porque as grandes obras estão mais concentradas nos Estados. Os candidatos a prefeito e vereador recebem mais recursos das empresas de transporte e de coleta de lixo. A campanha à reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é considerada por especialistas a mais cara da história do país e nasceu contaminada. Segundo denúncia publicada na época pelo jornal “Folha de São Paulo”, assinada pelo repórter Fernando Rodrigues, a aprovação da emenda que possibilitou a reeleição contou com a compra do voto de vários parlamentares na Câmara dos Deputados, por R$ 200 mil cada um. Naquele momento, Sérgio Motta, ministro das Comunicações havia declarado que o projeto dos tucanos era permanecer no poder por, no mínimo, 20 anos. Disse isso depois das privatizações dentre outras áreas, a de telecomunicações. No início da campanha presidencial de 1998, o comitê eleitoral responsável pelas articulações da reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso elaborou um orçamento minucioso de gastos e concluiu que, para cobrir todas as despesas do pleito, seriam necessários R$ 73 milhões. Esse orçamento prévio foi comunicado ao Tribunal Superior Eleitoral. Passadas as eleições, o comitê fez as contas e encaminhou a declaração oficial de doações ao TSE, informando que o total arrecadado e gasto na campanha foi de R$ 43,022 milhões. A revista “Época”, de 30 de novembro de 1998, informou que a equipe que cuidou das finanças, coordenada pelo ex-ministro Bresser Pereira, dias depois do envio da lista ao Tribunal, refez as contas e concluiu que os gastos foram R$ 45,931 milhões, uma quantia muito superior ao total declarado ao TSE. Esse desencontro de valores, entre o que se arrecadou, o que se gastou e o que se declarou ao TSE jamais foi explicado pelos coordenadores. Paira sobre esse assunto uma nuvem de mistério. Curioso é que, na campanha de 1998, o candidato Fernando Henrique Cardoso viajou menos, fez menos comícios do que em 1994, mas gastou R$ 10 milhões a mais. Bresser Pereira conta que, diante do volume das dívidas deixadas pelo comitê, ele foi obrigado a reunir a equipe financeira e colocá-la de novo em campo para arrecadar mais dinheiro dos empresários para cobrir o rombo. A revista “Época” informou, ainda, que as solicitações foram deliberadamente concentradas nos grupos empresariais que compraram as estatais. Na segunda quinzena de outubro daquele ano (período proibido pela lei), foram arrecadados R$ 8,2 milhões. Essa decisão foi absolutamente ilegal e contrariou a legislação eleitoral, mas, mesmo assim, a arrecadação de recurso foi feita. Dentre as empresas que doaram recursos após o pleito, constam a Vale do Rio Doce, Companhia Petroquímica do Sul (COPESUL) e TELEBRAS. As subsidiárias da Vale do Rio Doce doaram R$ 1,5 milhão. Os donos da COPESUL, R$ 1 milhão e os grupos “La Fonte/Jereissati/Andrade Gutierrez” e INEPAR, que haviam comprado as empresas do sistema TELEBRAS, doaram R$ 2,5 milhões. No final da ofensiva dos coletores, os dirigentes do comitê disseram que ficaram faltando R$ 2,9 milhões para liquidar as contas. Na mesma matéria, a “Época” destacou o setor financeiro como o que mais contribuiu para a campanha à reeleição de Fernando Henrique Cardoso. Em 1994, os banqueiros deram R$ 7,1 milhões. De cada R$ 10,00 que entraram no caixa da campanha, R$ 4,30 originaram do setor financeiro. Em 1998, a aposta do setor no candidato à reeleição atingiu 43% (R$ 18,6 milhões) mais que o dobro da campanha anterior. Apenas cinco conglomerados financeiros contribuíram com quase R$ 10 milhões. Somados, responderam por 66,1% das doações feitas pelo setor financeiro e 28,6% do total de contribuições declaradas na campanha presidencial, informou a revista. As controvérsias sobre o financiamento da milionária campanha à reeleição de Fernando Henrique Cardoso não pararam por aí. Para complicar ainda mais a vida do tucanato a “Folha de São Paulo”, de 12 de novembro de 2000, publicou vasta matéria com informações comprometedoras, obtidas de planilhas eletrônicas datadas de 30 de setembro de 1998, vazadas do comitê eleitoral do candidato tucano. Essas planilhas revelam a existência de contabilidade paralela de arrecadações e gastos da campanha. O jornal informou que, pelo menos, R$ 10,120 milhões deixaram de ser declarados ao TSE e que, de cada R$ 5,00 arrecadados, R$ 1,00 era desviado para uma contabilidade particular desconhecida. Além dos R$ 10,120 milhões não declarados oficialmente ao Tribunal, feitos os cálculos, tomando por base a planilha completa, ficou de fora R$ 4,726 milhões, doados por empresas que constam da lista do TSE, com valores menores do que os da planilha, que aparecem sob a rubrica de uma associação de classe de empreiteiros. O dinheiro arrecadado pelo comitê financeiro, descrito em 34 registros na planilha principal obtida pelo jornal, totalizara R$ 53,120 milhões. Vale lembrar que, na data constante da planilha, a qual os repórteres tiveram acesso, o comitê ainda não havia registrado todas as contribuições, o que leva a crer que o volume de recursos não declarados devia ser muito maior, levando em consideração que o orçamento estimado inicialmente pelo comitê para os gastos, e comunicado ao TSE, era de R$ 73 milhões. Nota-se que havia margem suficiente para declarar os recursos constantes na contabilidade paralela em questão e a equipe financeira não o fez. As razões não foram esclarecidas à imprensa, que insistentemente tentou sem sucesso obter explicações dos responsáveis pelas contas. Toda essa história acabou envolta num manto de mistério. A imprensa, na época da divulgação das planilhas pelo jornal, andou escarafunchando a lista de contribuintes da campanha da reeleição e trouxe à baila informações preciosas. Os colaboradores, ao verem seus nomes e os nomes de suas empresas publicados nos jornais, não conseguiram esconder o constrangimento. Muitos deles acabaram dando informações contraditórias. A lista mais parecia um condomínio de interesses escusos. A maior doação constante na planilha publicada foi de R$ 3 milhões e não está registrada no TSE. O jornal atribuiu, à época, essa contribuição ao então ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Andrea Matarazzo. Ele negou, dizendo que não participou do grupo de arrecadadores e que apenas realizou alguns jantares com empresários. Mas, membros da equipe financeira, como Bresser Pereira e o publicitário Luiz Fernando Furquim afirmam que Andrea Matarazzo fazia parte, sim, do grupo de coletores. Um detalhe: na planilha não consta registro da procedência do dinheiro. O publicitário Roberto Duailibi, dono da “agência DPZ”, em entrevista à “Folha de São Paulo”, disse, no primeiro momento, que havia contribuído com R$7.500 mil. Quando ficou sabendo que a sua doação não estava registrada no TSE, ligou para o jornal e disse que a empresa dele não havia contribuído com a campanha. Porém, consta na planilha que a DPZ contribuiu com R$200 mil. Outro publicitário, Geraldo Alonso, da agência “Publicis Norton” disse ao jornal que contribuiu para a campanha com serviços de publicidade. O valor do trabalho prestado pela agência dele registrado na planilha foi de R$ 50 mil. Em seguida, ele negou que havia prestado serviços. A empresa “Atlântica Empreendimentos Imobiliários”, da banqueira Kátia Almeida Braga (“Grupo Icatu”), uma das coletoras de recursos, disse que contribuiu com R$ 100 mil e que tinha recibo emitido pelo PSDB. Esse valor aparece na planilha e não foi registrado na contabilidade oficial. Numa investida no Rio de Janeiro, Kátia Almeida Braga procurou dezoito empresários. Uma das empresas da lista era a SACRE, de Salvatore Cacciola, aquele banqueiro do caso Marka e FonteCindan, que fugiu para a Itália depois do escândalo financeiro. Kátia Braga conseguiu que a empresa dele doasse R$ 50 mil para a campanha. Outra empresa que chamou atenção na lista de contribuintes da campanha de Fernando Henrique Cardoso foi a VASP, de Wagner Canhedo, um dos acusados de integrar o esquema PC no governo Collor e que responde, até hoje, vários processos na justiça. A empresa de Canhedo era devedora, na época, de mais de R$ 3 bilhões ao governo. Canhedo doou R$ 150 mil e não consta na declaração do TSE. No caso da VASP, a lei proíbe doações, mas a direção da empresa confirmou a doação à “Folha de São Paulo”. Além desses casos, existem muitas outras irregularidades reveladas pela imprensa, como, por exemplo, doações feitas por universidades e escolas privadas. A legislação proíbe instituições de ensino de participar financeiramente de campanhas eleitorais, mas o presidente da “Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior” (ABMES), Edson Franco, confirmou a jornalistas que diversas instituições foram procuradas pelo ex-ministro Bresser Pereira e que várias delas fizeram doações. Ele citou a UNIP, de João Carlos Di Gênio e a “Faculdade Anhembi-Morumbi”. Todos esses casos nunca foram investigados, o Ministério Público e o STF não se interessam por esse assunto.”
A diferença do “caixa dois” da reeleição do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso do “caixa dois” das eleições municipais de 2004 é que o PT dançou, foi investigado e está sendo julgado, enquanto os tucanos e o PFL/DEM flanam na desgraça do PT. “O deputado José Dirceu, em seu depoimento no Conselho de Ética, lembrou que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse, certa vez, que não admitiu a instalação de CPIs durante seu governo porque sabia que uma CPI o derrubaria.”
Portanto, o financiamento de campanhas eleitorais por meio de “caixa-dois” é prática conhecida e só veio a público porque parte da cúpula do PT resolveu participar da festa e se deu mal. Agora, o partido está sendo ridicularizado como se fosse um penetra. “Financiamento público já!” FONTE: escrito por Laurez Cerqueira, jornalista e escritor, autor, entre outros trabalhos, de “Florestan Fernandes – vida e obra”, “Florestan Fernandes – um mestre radical” e “O Outro Lado do Real”, em parceria com o deputado Henrique Fontana. Artigo publicado no portal “Vermelho” (http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=193954&id_secao=1) [Imagens obtidas no google, observação inicial, legenda, título e trechos entre colchetes adicionados por este blog ‘democracia&política’]. Postado por Política às 10:46

80 anos de Brasil Boeing comemora avanços no país de olho na concorrência FX-2

No último dia 12 de Setembro, no Clube de Engenharia em Brasília, a Boeing recebeu convidados da área governamental e seus parceiros comerciais e industriais locais para comemorar 80 anos de Brasil. O Brigadeiro Moretti Bermudez, Comandante do VI COMAR, representou o Comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Juniti Saito. Donna Hrinak, atual presidente da Boeing Brasil esteve acompanhada de Al Bryant, Joe McAndrew e Tom De Wald, executivos do primeiro escalão da empresa. Também presente ao evento o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, liderando os representantes diplomáticos da Embaixada Americana.Em 14 de Setembro de 1932, a Boeing e o governo brasileiro começaram a construir uma história sólida de parceria com a entrega dos caças biplanos F4B-4. As aeronaves chegaram ao país de navio no Rio de Janeiro e foram entregues para o governo brasileiro, pois na época ainda não havia sido constituída a Força Aérea Brasileira (FAB). Os aviões foram distribuídos entre a Marinha (Aviação Naval) e o Exército Brasileiro. Desde então, a Boeing tem mantido um relacionamento produtivo com o Brasil. Atualmente, o Boeing F/A-18E/F Super Hornet está na competição do Programa F-X2, que planeja a compra de 36 aviões de combate para substituírem os antiquados caças franceses Mirage 2000C e posteriormente, os caças Northrop F-5EM/FM e Embraer A-1M AMX modernizados, atualmente empregados pela FAB. Na área comercial, a Boeing fez sua primeira entrega para o Brasil em sete de Junho de 1960, um quadrimotor a jato 707 para a VARIG, uma das mais famosas companhias aéreas de todos os tempos no País. Desde então, a empresa entregou aproximadamente 177 aviões comerciais, incluindo aviões de carga, para 13 operadoras brasileiras. No setor de biocombustível para aviação, a Boeing está servindo como um catalisador para o setor, incluindo o recrutamento de empresas áreas brasileiras para o Grupo de Usuários de Combustível Sustentável para Aviação (SAFUG). Em outubro de 2011, a Boeing, a Embraer e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) anunciaram um acordo de colaboração de longo prazo para pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis para aviação, o que representa mais um grande passo para a criação de uma indústria de biocombustíveis sustentáveis para aviação no Brasil (incluindo aí a aviação militar). Em 2011, a Boeing abriu dois escritórios no Brasil (São Paulo e Brasília) ampliando a atuação da empresa no país e afirmando seu compromisso de que veio para ficar. Em 2012, este movimento foi consolidado com o anúncio do Centro de Pesquisas Boeing Brasil e também da parceria Boeing/EDS para abrir novos mercados para o transporte militar KC-390, ora em desenvolvimento pela empresa brasileira e considerado como o virtual substituto das versões mais antigas do C-130 Hércules, fabricado pela Lockheed Martin nos Estados Unidos. Adicionalmente, a Boeing vem captando e qualificando empresas brasileiras em diversos estados para tornarem-se fornecedoras da sua cadeia mundial de suprimentos.

DEFESA - País planeja investir R$ 124 Bi em duas décadas

Os programas estratégicos das três Forças Armadas brasileiras para as próximas duas décadas somam R$ 124 bilhões em investimentos. Todos orientados para a transferência e o desenvolvimento de tecnologia no Brasil, com o objetivo de formar um parque industrial bélico no País. Os sete projetos estratégicos do Exército representam quase metade desse total: R$ 57,03 bilhões, de acordo com levantamento feito pelo Estado. A Força Aérea Brasileira pretende comprar 120 caças, no valor de cerca de R$ 10 bilhões. A transferência de tecnologia é um critério chave na escolha do fabricante. Por causa de sua oferta de transferência "irrestrita", o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a anunciar a escolha do avião francês Rafale, fabricado pela Dassault, mas recuou diante da resistência da FAB. A maioria dos militares prefere o americano F-18, da Boeing, como máquina de guerra. Mas os obstáculos para a transferência de tecnologia são grandes entre os americanos, e os oficiais das áreas de pesquisa e desenvolvimento insistem no sueco Gripen, da SAAB. A EMBRAER está desenvolvendo para a FAB um novo cargueiro de 20 toneladas, o KC-390, destinado a substituir os C-130 Hercules e a concorrer com eles no mercado internacional. O custo estimado do projeto é de R$ 4,63 bilhões. Cada uma das três Forças receberá ainda 16 helicópteros de transporte EC-725 CARACAL, da Eurocopter, com capacidade para 2 tripulantes e 29 soldados com seu equipamento. O investimento de R$ 4,65 bilhões inclui a transferência da tecnologia e o aumento progressivo de conteúdo nacional. Os helicópteros serão fabricados pela Helibrás, subsidiária da Eurocopter. A Marinha trabalha na construção de um reator nuclear de geração de energia para a propulsão de submarino. O projeto, que envolve ainda o enriquecimento de urânio, não só para o submarino mas também para a geração de energia elétrica, está orçado em R$ 2,59 bilhões, e se estende até o ano 2025. A Marinha mantém um programa de desenvolvimento de submarinos, chamado de PROSUB, no valor total de R$ 27,26 bilhões, também até 2025. O projeto inclui um estaleiro para a construção de quatro submarinos convencionais e um nuclear, além de uma base naval. Outro programa da Marinha, o PROSUPER, no valor de R$ 18 bilhões, é a construção de 11 navios - 5 fragatas, 5 escoltas e um de apoio. Seis países disputam o contrato: Alemanha, Coreia do Sul, Espanha, França, Itália e Inglaterra. Os navios devem ser construídos no Brasil a partir de um projeto existente e já em operação. O fornecedor terá de transferir tecnologia a um estaleiro brasileiro. A maioria desses projetos foi gestada no fim do século passado. Mas eles parecem ganhar mais impulso, com a ênfase na transferência e desenvolvimento local de tecnologia, e a perspectiva de exportação. "Para que uma empresa possa exportar, primeiro ela precisa fornecer para o governo de seu país", observa Luiz Carlos Aguiar, presidente da EMBRAER Defesa e Segurança. A exigência de conteúdo nacional por parte da FAB tem tornado concorrentes da Embraer inelegíveis no Brasil. Algumas empresas brasileiras que se associaram a parceiros estrangeiros temem agora que o mesmo aconteça com elas nas disputas com a EMBRAER por contratos com o Exército. O assunto é delicado por causa do sigilo que encobre as escolhas e contratos feitos pelas Forças Armadas. No momento em que o Brasil deixa décadas de letargia na área da defesa e se lança para a criação de um parque tecnológico e industrial para o setor, muitas oportunidades surgem, e muitos desafios também, nas relações entre o público e o privado.

PARTICIPAÇÃO DO BRASIL EM OBSERVATÓRIO EUROPEU CONTINUA INDEFINIDA

Herton Escobar / O Estado de S. Paulo A adesão do Brasil ao Observatório Europeu do Sul (ESO, em inglês) e sua participação na construção do Telescópio Europeu Extremamente Grande (E-ELT) continuam indefinidas, quase dois anos após a assinatura de um acordo formal entre o consórcio europeu e o governo brasileiro. A parceria, que garantirá o acesso de pesquisadores brasileiros a vários telescópios de ponta do ESO instalados no Chile, tem um custo estimado de R$ 565 milhões em dez anos. Os primeiros pagamentos deveriam ter sido feitos em 2011, mas não foram, porque o contrato de adesão não foi enviado ao Congresso para ser ratificado – etapa necessária por se tratar de um acordo entre países. Em janeiro, o diretor-geral do ESO, Tim de Zeeuw, fez várias advertências de que a sociedade com o Brasil poderia ser revista, ou até cancelada, caso o País não ratificasse o acordo até meados deste ano – o que não aconteceu. Agora, em nova entrevista ao Estado, Zeeuw diz que sua intenção não foi dar um “ultimato” ao Brasil, mas “encorajar” o País a acelerar o processo de ratificação e, assim, garantir a participação da indústria brasileira nas licitações para construção do E-ELT – que deverá ser o maior telescópio do mundo, com um espelho de 39 metros de diâmetro. “A indústria brasileira tem ótimas condições de competir nesse processo, mas só poderá receber contratos se o Brasil for membro pleno do ESO, o que implica em ratificar o acordo de adesão e depositar os pagamentos anuais”, afirma Zeeuw. Segundo informações do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), o acordo de adesão foi enviado ao Ministério das Relações Exteriores (MRE) no dia 30 de maio e agora está com a Casa Civil, com a anuência de ambas as pastas. A Casa Civil informou apenas que o documento está “em análise” e não deu previsão de quando (ou se) ele será enviado ao Congresso. Zeeuw, porém, não estipulou nenhum novo prazo para isso, dizendo apenas que “seria melhor” se o Brasil ratificasse o acordo até o fim deste ano, já que os contratos de construção do E-ELT começarão a ser negociados em 2013. “Nenhum dos 14 sócios europeus tem interesse em ‘expulsar’ o Brasil. Pelo contrário, eles têm uma opinião muito positiva sobre a adesão do País, uma vez que isso permitirá trabalhar em parceria com o Brasil em ciência e tecnologia, com benefícios mútuos”, afirma o diretor. Mais do que isso, a participação do Brasil é considerada vital, financeiramente falando, para a construção do E-ELT. Fontes próximas ao projeto dizem que os europeus, em meio a uma crise econômica e com seus orçamentos já esticados ao máximo, não têm como bancar o telescópio sozinhos – o que explicaria a inusitada “paciência” europeia com o Brasil. O custo estimado do telescópio é de mais de EU$ 1 bilhão.
A entrada do Brasil no ESO, se confirmada, faria do País o primeiro não europeu a integrar o consórcio. A maior parte da comunidade científica astronômica brasileira é favorável à adesão. Alguns críticos, porém, consideram o preço alto demais – mesmo com o desconto de 30% oferecido pelo ESO, comparado ao que pagam os países europeus. A bandeira do Brasil já figura no site e em todos os materiais de divulgação do ESO desde o início de 2011, mesmo com o acordo não ratificado. Astrônomos brasileiros, assim como os de qualquer outro país não membro, sempre puderam participar de pesquisas feitas com os telescópios do ESO (todos localizados nos Andes chilenos), mas sempre em colaboração com parceiros europeus. Como membro do consórcio, o País ganharia muito mais acesso e autonomia no uso desses telescópios, que estão entre os melhores do mundo para uma série de aplicações. O Observatório de Paranal é a maior “joia” do ESO, com vários telescópios de alta tecnologia. (FOTO: ESO/G.Hüdepohl) Abaixo, uma das fotos mais recentes divulgadas de lá, da galáxia NGC 1187, localizada a 60 milhões de anos-luz da Terra. A imagem foi feita com o Very Large Telescope, que significa, literalmente, Telescópio Muito Grande