Ramo da segurança que cuida dos interesses ligados à empresas públicas ou privadas, no que tange à proteção de seus recursos humanos e materiais e deve estar em consonância com a missão e valores da empresa, devendo também respeitar os limites éticos e legais impostos nas regiões em que atuam. " Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela." Salmos 127:1
quinta-feira, abril 26, 2012
OPOSIÇÃO E MÍDIA CONTRA A COMPLETA ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA NO BRASIL
HOJE O STF TERMINA DE JULGAR AS COTAS
A época da escravatura é relativamente recente no Brasil. Faz bem menos que um século e meio. Ainda não houve tempo para as brutais diferenças econômicossociais naturalmente desaparecerem. Assim, sistema de cotas nas universidades e outras medidas de diminuição das diferenças sociais e raciais no Brasil são urgentes e necessárias por uma ou duas gerações. Ainda não se pode largar injustiçados contra privilegiados em competições de luta feroz, em igualdade de condições, ao critério do Deus Mercado. Depois de atingidos níveis aceitáveis de igualdade de acesso à saúde, à educação (pelo menos), esses mecanismos de correção de injustiças passadas poderão ser eliminados]..............................................................
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ELAS "ESTIMULARIAM O ÓDIO RACIAL E REBAIXARIAM AS UNIVERSIDADES", MAS, COMO NO SÉCULO 19, ERA TUDO LOROTA...........................................................
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Por Elio Gaspari
“O Supremo Tribunal Federal julgará hoje a constitucionalidade das cotas para afrodescendentes e índios nas universidades públicas brasileiras. No palpite de quem conhece a Corte, o resultado será de, pelo menos, sete votos a favor e quatro contra. Terminará, assim, um debate que durou mais de uma década e, como outros do século 19, expôs a retórica de um pedaço do andar de cima que via na iniciativa o prelúdio do fim do mundo.
Em 1871, quando o Parlamento discutia a “Lei do Ventre Livre”, argumentou-se que, libertando-se os filhos de escravos condenava-se as crianças ao desamparo e à
mendicância. "Lei de Herodes", segundo o romancista José de Alencar.
Quatorze anos depois, tratava-se de libertar os sexagenários. Outro absurdo, pois significaria abandonar os idosos. Em 1888, veio a Abolição (a última de país americano independente), mas o medo a essa altura era menor, temendo-se, apenas, que os libertos caíssem na capoeira e na cachaça.
Como dizia o Visconde de Sinimbu: "A escravidão é conveniente, e mesmo um bem para o escravo". A votação do projeto foi acelerada pelo clamor provocado pelo linchamento de um promotor que protegia negros fugidos no interior de São Paulo. Entre os assassinos, estava James Warne, vulgo "Boi", um fazendeiro americano que emigrara depois da derrota do Sul na Guerra da Secessão.
As cotas seriam coisa para inglês ver, "lumpenescas propostas de reserva de mercado". Estimulariam o ódio racial e baixariam a qualidade dos currículos das universidades. Como dissera o barão de Cotegipe, "brincam com fogo os tais negrófilos". Os cotistas seriam incapazes de acompanhar as aulas.
Passaram-se dez anos, pelo menos 40 universidades instituíram cotas para afrodescendentes e, hoje, há milhares de negros exercendo suas profissões graças à iniciativa.
O fim do mundo ficou para a próxima. Para quem acha que existe uma coisa como ditadura dos meios de comunicação, no século 21, como no 19, todos os grandes órgãos de imprensa posicionaram-se contra as cotas. Ressalve-se a liberdade assegurada aos articulistas que as defendiam.
Julgando a constitucionalidade das iniciativas das universidades públicas que instituíram as cotas, o Supremo tirará o último caroço da questão. No memorial que encaminharam na defesa do sistema, os advogados Márcio Thomaz Bastos, Luiz Armando Badin e Flávia Annenberg começaram pelos números:
"Em 2008, os negros e pardos correspondiam a 50,6% da população e a 73,7% daqueles que são considerados pobres. (...) Em 1997, 9,6% dos brancos e 2,2% dos pretos e pardos de 25 ou mais idade tinham nível superior".
E concluíram: "A igualdade nunca foi dada em nossa história. Sempre foi uma conquista que exigiu imaginação, risco e, sobretudo, coragem. Hoje, não é diferente".
O senador Demóstenes Torres, campeão do combate às cotas, chegou a lembrar que a escravidão era uma instituição africana, o que é verdade, mas não foram os africanos que impuseram a escravatura ao Brasil.
Nas suas palavras: "Não deveriam ter chegado aqui na condição de escravos, mas chegaram...."
Hoje, o Supremo virará a última página da questão. Ninguém se lembra de James Barne, mas Demóstenes será lembrado por outras coisas.”
FONTE: escrito por Elio Gaspari na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/39187-hoje-o-stf-julgara-as-cotas.shtml) [Imagens do google adicionadas por este blog 'democracia&política'. Postagem por sugestão do leitor Probus]
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