quarta-feira, fevereiro 13, 2013

A Percepção da Segurança e o Combate ao Crime



Por mvreis

Ao ler o excelente trabalho de Gastón Hernán Schulmeister, intitulado VIOLÊNCIA Y CRIMINALIDAD EN AMÉRICA LATINA (2012), constata-se que uma das maiores preocupações dos latinoamericanos é a segurança pública. Na Argentina, por exemplo, aparece como o problema principal para 34% da população. Em média, segundo o autor, é o problema principal para 28% dos latinoamericanos. O interessante, é que em alguns dos países desse continente as taxas de homicídio encontram-se em níveis considerados baixos, como Argentina e Uruguai, mas mesmo assim a população encontra-se assustada. No Brasil, ao contrário, um país que beira os 22 homicídios por 100.000 hab., ou seja, aproximadamente quatro vezes as taxas de Argentina e Uruguai, a preocupação acerca da violência está no topo da lista para apenas 7% da população.
Isso significa que a segurança (ou insegurança) é percebida de forma diferente pelas pessoas. Essa sensação de bem-estar, de sentir-se salvo e protegido, varia de povo para povo, considerando suas diferenças psicológicas, sociológicas e culturais. Ser mais tolerante com a violência, como no caso da população brasileira, pode ter consequências péssimas para a luta contra o crime. A pressão política que um povo exerce sobre seus governantes para exigir maior segurança pública pode ser fraca em países mais tolerantes com a violência, como no nosso, o que certamente gera um ciclo pernicioso na resposta estatal ao combate ao crime.
Assim, não estando na agenda de prioridades de um governo, porque não é prioridade também da população, a segurança pública será ceifada de recursos necessários para a sua mantença. Isso significará a diminuição dos custos do crime para pessoas e organizações criminosas, o que aumentará a violência no país.

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