Por: Teanes Carlos Santos Silva
Os profissionais
costumam não criticar as ocorrências, especialmente, quando não foi possível
interagir diretamente no local, porém, tem uma corrente que entende que alguns
roubos às bases de empresas especializadas na segurança privada, ocorreram por falha
de procedimentos, combinado com falha de tecnologia. Da mesma forma, os roubos
em tomadores desses serviços. Estes roubos são recorrentes nos finais de semana,
feriados e nos turnos noturnos, justamente em períodos com menor poder ofensivo
e defensivo, haja vista ter efetivo e contingências
menores.
Qual
seria, então, a direção ou remodelagem estratégica?
Qual o papel da gestão de segurança empresarial nesse enfoque?
Normalmente as falhas nos protocolos, nas ações ou na tecnologia, podem e devem ser detectadas nos treinamentos e simulados, e dessa forma corrigido. Tudo pronto? Não, este ciclo deve ser repetido quantas vezes forem necessárias, e é claro, conforme metodologia estabelecida previamente pelo gestor responsável.
Qual o papel da gestão de segurança empresarial nesse enfoque?
Normalmente as falhas nos protocolos, nas ações ou na tecnologia, podem e devem ser detectadas nos treinamentos e simulados, e dessa forma corrigido. Tudo pronto? Não, este ciclo deve ser repetido quantas vezes forem necessárias, e é claro, conforme metodologia estabelecida previamente pelo gestor responsável.
Mas, não ocorrendo o
treinamento adequado e simulado, resta ao executor decidir na hora, a melhor
coisa fazer. Daí ganha força a questão: Fazer a coisa certa ou seguir o
protocolo, procedimento, instrução de trabalho, manual de segurança, entre
outros processos?
Suposição: Caso um vigilante chegasse à portaria, rendido
e sendo ameaçado de morte, a porta deve se aberta? E se ao invés do vigilante,
for o gerente de RH ou diretor de operações, a porta será aberta?
As tecnologias estão aí, para agregar, é verdade, porém a um custo e estratégia que devem ser melhor analisados. Sabe-se que, tecnicamente, tecnologia e homen devem correr paralelamente, porém, o que se vê, é o avanço da tecnologia x redução do homem.
As tecnologias estão aí, para agregar, é verdade, porém a um custo e estratégia que devem ser melhor analisados. Sabe-se que, tecnicamente, tecnologia e homen devem correr paralelamente, porém, o que se vê, é o avanço da tecnologia x redução do homem.
Em um shopping de São
Paulo, isto foi percebido pós-roubo. No decorrer das análises, constatou-se a
existência de grande volume de câmeras, centrais de
alarmes, entre outros, em uma
célula não blindada; no entanto, pequenos números de operadores e pior, sem o
treinamento adequado, razão pela qual, houve demora em gerar os alertas
necessários.
Situação semelhante
ocorreu em uma grande operadora logística, instalada na zona oeste Paulistana,
onde as forças físicas eram incompatíveis com o número de docas, portarias,
acessos internos e volume de pessoas envolvidas nas operações e circulando
internamente. Esta foi a razão de uma abordagem fora de tempo e mal sucedida.
Dada a corrida que fez, em função da distância e buscando ser ágil, o vigilante
abordou as pessoas na doca errada e consequentemente no veículo errado, perdendo
assim a oportunidade do flagrante, visualizado pelo operador do CFTV; e pior, demonstrou a
fragilidade da segurança, gerando insegurança e instabilidade
interna.
Claro que os profissionais têm buscado o conhecimento por meio de workshops, congressos, conferências, encontros, entre outras modalidades, mas:
1) Como foi avaliado o conteúdo e expertise do docente?
2) Houve avaliação antes da
participação e pós-participação ao evento?
3) Estes eventos realmente
trazem ganho de conhecimento?
4) O conteúdo do evento está
dentro do planejamento de desenvolvimento profissional ou a participação é por
modismo?
5) O aprendizado foi
compartilhado com a equipe e disseminado em treinamentos dentro da
empresa?
No campo acadêmico,
entendo que nos cursos de Administração, deve existir uma grade abordando o tema
como área de conhecimento (“Segurança Empresarial”) e, diante disso,
desmistificar essa área e esclarecer o seu papel e a sua importância dentro
contexto do negócio ou ambiente empresarial.
Do mesmo modo, nos cursos de
especialização, como Pós Graduação e MBA, deve ser inserida uma grade sobre
Segurança Empresarial.
Nessa grade, recomendo
conter, no mínimo, os temas sobre Gestão de Riscos, Continuidade de Negócios,
Prevenção de Perdas, Regulação e normatização do setor, Governança, Compliance
e, especialmente, as características e competências do administrador de
Segurança Privada e certificações do mercado disponíveis a este
profissional.
A gestão de segurança empresarial deve alinhar e integrar continuamente processos, pessoas, tecnologias, treinamentos e auditorias, visando a mitigação permanente dos riscos, prevenção de perdas e continuidade do negócio.
A gestão de segurança empresarial deve alinhar e integrar continuamente processos, pessoas, tecnologias, treinamentos e auditorias, visando a mitigação permanente dos riscos, prevenção de perdas e continuidade do negócio.
Nessa linha, vejam que
exemplos interessantes:
1) Uma operadora logística com
matriz em São Paulo-SP, de alcance Nacional, tem um manual de segurança
corporativo. Contudo, cada unidade faz do seu jeito e vivem tentado inventar a
roda. As lições não são compartilhadas e, com isso, as soluções demoram a
chegar. Dessa forma, não se sabe se as falhas são realmente corrigidas e se há
prevenção.
2) Em outro caso, com base no
Estado do RJ, uma operadora logística, também com abrangência Nacional, não tem
manual de segurança corporativo, as unidades não trocam informações e
experiências; contudo, existe uma estatística que demonstra baixa ocorrência de
furto, roubo, desvios e perdas.
3) Ainda na área de operação logística, outra operadora com filiais pelo Brasil, tem manual de segurança corporativo e todas as filias são auditadas, evidenciando o cumprimento; porém, apresenta estatísticas que demonstram taxas altas de roubos, furtos, desvios internos e perdas.
3) Ainda na área de operação logística, outra operadora com filiais pelo Brasil, tem manual de segurança corporativo e todas as filias são auditadas, evidenciando o cumprimento; porém, apresenta estatísticas que demonstram taxas altas de roubos, furtos, desvios internos e perdas.
Atuar com segurança
empresarial, corporativamente ou localmente, deve ser uma decisão de
planejamento estratégico da alta direção, visando a integração com governança,
gestão de riscos e compliance, em busca de bons resultados e sustentabilidade do
negócio.
Diante do exposto acima,
reitero a necessidade de tomarmos uma ação no tema “Normatização do Setor”; isto
é, devemos buscar junto ao órgão competente, ABNT – Associação Brasileira de
Normas Técnicas, a criação de uma norma, de forma a termos parâmetros mínimos
aceitáveis de proteção e gestão de segurança empresarial. Obviamente que não é
um trabalho fácil e simples, contudo, necessário, pertinente e relevante na
busca de uma valorização do segmento. Claro que em termos de Regulação de
atividade, o estatuto da segurança privada, que está no forno, fará seu papel.
Aqui vejo alguns caminhos:
1)
Como primeiro passo, e
através de associações e sindicatos (seja do patronal ou do empregador), em uma
espécie de força tarefa, elaborar guias com requisitos e
diretrizes;
2)
) No segundo passo, com apoio
ou norteado por órgão competente, a ABNT, criar uma Norma de diretrizes, sem
fins de certificação, cujo objetivo será fornecer as orientações para todos os
tipos de organizações, independentemente do porte, tipo de negócio ou
localização, criando assim o SGSE - Sistema de Gestão de Segurança Empresarial,
inserindo no contexto da empresa esta cultura;
3) No segundo passo, cria-se uma Norma estruturada em requisitos verificáveis, visando a auditoria de terceira parte;
4) Também é uma alternativa, a construção de ambas paralelamente e simultaneamente;
Obviamente que as normas como Segurança na Cadeia Logística, Gestão de Riscos, Continuidade de Negócios, Segurança da Informação, técnicas consagradas de Prevenção de Perdas, entre outras, devem ser referenciadas e alguns temas totalmente considerados.
Falando em normatização, não posso deixar de mencionar os lançamentos de normas, como:
3) No segundo passo, cria-se uma Norma estruturada em requisitos verificáveis, visando a auditoria de terceira parte;
4) Também é uma alternativa, a construção de ambas paralelamente e simultaneamente;
Obviamente que as normas como Segurança na Cadeia Logística, Gestão de Riscos, Continuidade de Negócios, Segurança da Informação, técnicas consagradas de Prevenção de Perdas, entre outras, devem ser referenciadas e alguns temas totalmente considerados.
Falando em normatização, não posso deixar de mencionar os lançamentos de normas, como:
1.
ABNT NBR ISO/IEC
31010:2012, Gestão de Riscos – Técnicas para o processo de avaliação de riscos,
norma válida desde maio/2012;
2.
ABNT NBR 16001:2012,
Responsabilidade Social – Sistema de Gestão, Requisitos, norma válida desde
agosto/2012;
3.
Adicionado em
17/10/2012, para consulta nacional, o Projeto 97:000.00-004/1 - Sistemas de
gestão de segurança para a cadeia logística - Guia para implantação da ABNT NBR
ISO 28000 - Parte 1: Princípios gerais, referente ao ABNT/CEE-97 Gestão de
Segurança para Cadeia Logística;
4.
ABNT NBR ISO/IEC
27007:2012, Diretrizes para Auditoria de Sistemas de Gestão da Segurança da
Informação, válida desde Julho/2012;
5.
ABNT NBR ISO/IEC
27005:2011, Gestão de Riscos de Segurança da Informação, válida desde
dezembro/2011;
6.
ABNT NBR ISO
21500:2012, Orientações para Gerenciamento de Projetos, válida desde
outubro/2012.
As normas, desde que bem utilizadas, norteiam os caminhos dos gestores na busca de práticas e métodos, visando implantar um sistema de gestão moderno e usual.
A mídia segmentada deveria ser
premiada, e da mesma forma premiar os melhores artigos e melhores trabalhos
acadêmicos; e igual tarefa deve ter as entidades associativas do gestor de
Segurança.
Alguns livros foram
publicados, tanto para segurança da informação quanto gestão de segurança e
gestão de riscos; contudo, não são apontados pelos meios de comunicação e
divulgação do setor os mais vendidos ou os mais lidos. Aliás, quem se interessa
por isso?
Falar em apontar é pensar em
ranque, que na segurança privada é tema raro de se ver. Entendo que se devem
ranquear as melhores empresas e categorizá-las, de forma que o usuário desses
serviços tenha um parâmetro, igualmente como ocorre em outros segmentos de
negócios.
Vimos também que o transporte
de cargas valiosas evoluiu, no sentido de mitigar riscos, passando a utilizar
veículos blindados com alta tecnologia embarcada, para transportar desde
remédios até obras de arte, entre outros materiais de alto valor agregado, a
custos acessíveis e compatíveis, comparativamente à utilização de veículo comum
com escolta e demais aparatos tecnológicos.
Portanto, é necessário
planejar a segurança privada, para que não haja desmantelamento, a exemplo dos
estacionamentos; ou seja, apesar da frota de veículos ter dobrado nos últimos 10
anos o número de vagas não acompanhou o crescimento e está longe disso. Aliás,
está longe de ter uma solução amigável e, dessa forma, fica claro, que o setor
não percebeu a movimentação e tendência do próprio
negócio.
Embora o CRA tenha
admitido os tecnólogos, concluintes dos cursos de gestão de segurança
empresarial, entre outros, não há notícias e indicativos de fiscalização sobre o
exercício da profissão de “Administrador de Segurança Privada”.
O movimento de aculturamento de Security é lento e tímido em termos de Brasil, especialmente no que diz respeito ao apoio da alta gestão. Assim, e nesse sentido, qual é o motivo para a falta de apoio?
Na segurança da informação, os assuntos evoluíram, principalmente a gestão de riscos em TIC, onde alguns temas são vedetes e necessitam de entendimento e atenção do gestor de Security, tais como Cloud, Mobile, Redes Sociais e Consumerização, visando contribuir na mitigação dos riscos enfrentados pelas organizações.
O movimento de aculturamento de Security é lento e tímido em termos de Brasil, especialmente no que diz respeito ao apoio da alta gestão. Assim, e nesse sentido, qual é o motivo para a falta de apoio?
Na segurança da informação, os assuntos evoluíram, principalmente a gestão de riscos em TIC, onde alguns temas são vedetes e necessitam de entendimento e atenção do gestor de Security, tais como Cloud, Mobile, Redes Sociais e Consumerização, visando contribuir na mitigação dos riscos enfrentados pelas organizações.
No campo da Responsabilidade
Social Empresarial, pouco se vê em termos de participação significativa da
Segurança; e, como exemplo dessa falta de posicionamento, temos no mercado,
prestadores que não pagam horas extras, descontam os uniformes que desgastam em
função da atividade e da má qualidade, e ainda cobram do vigilante o valor da
reciclagem. Bem como, descontam o dia destinado ao curso e atrasam o pagamento
da FT. Porém, o paradoxo é interessante, pois alguns têm declarado nos valores o
seguinte: respeito às pessoas, valorização do desenvolvimento pessoal e
profissional, transparência, honestidade, seriedade e
etc.
Tratando a matéria prima
(vigilantes) dessa forma, como esperar que o segmento seja considerado
sustentável?
No ramo de escolta
armada, em terras do nosso Brasil, o que se percebe é um trabalho feito com
viaturas inadequadas e até mesmo velhas que, somado a alguns casos específicos
de alta periculosidade em determinadas localidades, o risco a que os vigilantes
são expostos é desumano. A fiscalização quase não acontece durante a escolta e o
número de denúncias recebidas pelas empresas contratantes e órgãos de
fiscalização é baixo. Afinal, todos precisam trabalhar.
Sou militante e defensor da utilização de profissional dedicado à gestão de segurança empresarial nas corporações. Contudo, o que se oberva é o profissional de facilites e segurança do trabalho desenvolvendo (e até mesmo coordenando) atividades de security com a maior naturalidade; e, também, há casos de terceirização pelas empresas de vigilância e consultoria.Vejo algumas questões preocupantes nesse modelo adotado:
Sou militante e defensor da utilização de profissional dedicado à gestão de segurança empresarial nas corporações. Contudo, o que se oberva é o profissional de facilites e segurança do trabalho desenvolvendo (e até mesmo coordenando) atividades de security com a maior naturalidade; e, também, há casos de terceirização pelas empresas de vigilância e consultoria.Vejo algumas questões preocupantes nesse modelo adotado:
1.
Como fica a questão da
imparcialidade diante da fiscalização, investigação e auditoria, frente aos
serviços prestados?
2.
Como fica o desvio de
função do técnico de segurança do trabalho?
3.
Como fica o desempenho
e especialização do profissional que desenvolve muitas atividades, dentro de uma
área sensível como a segurança empresarial?
4.
Será que a atuação de
profissionais não dedicados está limitada apenas à segurança patrimonial
(vigilância)? Caso positivo, quem cuida dos demais braços da segurança
empresarial?
No campo dos cursos de formação, como está sendo avaliada a qualidade deles e quem os tem avaliado, dentro de um ponto de vista imparcial? Questiono, pois, com a falta de mão de obra, o mercado está recebendo novos vigilantes com baixa formação.
Este artigo foi concebido para
auxiliar na análise retrospectiva da gestão da Segurança Privada em 2012. E
observo que foi um desafio interessante, tendo em vista que o ano foi repleto de
desgraças com os atentados à Segurança Pública, que ceifaram a vida de policiais
e elevaram a sensação de insegurança das pessoas. Mas, estejam certos de que
este assunto também faz parte desta retrospectiva, pois este tipo de crime e a
insegurança estão, também, às portas da Segurança Privada. Assim, julgo,
particularmente, que foi necessária a ênfase imposta a alguns dos temas aqui
abordados, e que entendo como molas propulsoras e elos de uma corrente, para a
sustentabilidade da Segurança Empresarial, frente as incertezas da Segurança
Pública, o avanço da criminalidade e a qualificação e valorização dos
profissionais da nossa
área.
Teanes Carlos Santos Silva, gestor de Segurança Empresarial
Fonte: http://www.de-seguranca.com.br/index.php/artigos/gestao-de-riscos/seguranca-privada/770-analise-da-seguranca-privada-gestao-2012
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